“A luta de classes mundial e no Brasil: construir uma alternativa de massas classista e internacionalista”
A União Popular Anarquista (UNIPA) irá realizar o seu V Congresso no primeiro trimestre do ano de 2014. O Congresso que marca os 10 anos de existência e trabalho político da organização, se realiza num quadro internacional e nacional de ascenso da luta de classes. Esse ciclo começa na Europa em meados dos anos 2000, com a rebelião popular nas periferias da França, depois na Grécia em 2008-2009 e na sequencia no Norte da África, Brasil e Ásia. No Brasil, todas as tendências apontam no sentido da entrada num movimento ascendente da luta de classes.
Nesse novo cenário o anarquismo foi novamente colocado no centro dos debates, em razão da ação direta de massas que explode em meio a revolta popular. O comunismo e o nacionalismo/republicanismo nas suas diferentes vertentes mostram suas contradições. Enquanto força reformista, o comunismo e o republicanismo/nacionalismo oscilam entre a traição ou a acomodação sistêmica, atuando como forças de contenção da rebelião popular em escala internacional.
Assim, a fórmula das diferentes correntes marxistas e nacionalistas tem sido a defesa de Governos Populistas e a convocação de Assembleias Constituintes. A centralidade da ação é direcionada para a construção de movimentos de massa que sirvam de apoio aos Partidos de Massa na sua luta pela conquista do Estado.
Por outro lado, correntes minoritárias do marxismo e do revisionismo anarquista não conseguem romper com a lógica da denúncia e exaltação das formas da luta de classes. Não apresentam uma alternativa de organização, programa e estratégica capaz de disputar o conjunto da classe trabalhadora, nem de modificar a correlação global de forças na sociedade.
O anarquismo revolucionário é uma força débil e várias organizações e movimentos anarquistas na realidade encarnam o revisionismo anarco-comunista e ficam paralisadas ou são levadas ao campo da reação. Apesar disso, o esforço de grupos anarquistas (insurrecionalistas, anarcosindicalistas) mesmo com limitações teóricas mostra que o anarquismo volta a ter uma importante expressão de massas. E é exatamente por isso que se torna possível a reorganização internacional do anarquismo e do sindicalismo revolucionário, sendo necessário para tal missão a adoção de uma correta linha de ação política.
Por isso o V Congresso da UNIPA irá desenvolver e enfrentar o problema fundamental da atual conjuntura: a necessidade de construir e propor uma alternativa organizativa para as massas em luta, internacionalmente e localmente. Essa alternativa é uma organização de massas de tipo sindicalista revolucionária, que consiga disputar os milhões de trabalhadores e trabalhadoras e integrá-los em atividades de resistência ao capitalismo e elevar seu nível de consciência e organização.
Hoje a principal tarefa do anarquismo revolucionário é construir uma alternativa de massas que possa rivalizar no cotidiano, no local de trabalho, com o projeto comunista e nacionalista/republicano que tenta renovar a legitimidade dos partidos e sindicatos burocratizados e canalizar as energias das massas não para o fortalecimento da sua própria organização, mas para a construção de um partido ou coalizão partidária que tenha como projeto estratégico a conquista do Estado nos marcos do capitalismo.
A tarefa do V Congresso é especificar e detalhar a linha de massas e um plano de construção de médio prazo para o período histórico. E conclamamos os revolucionários sinceros a ajudarem na construção da UNIPA e dessa alternativa de organização de massas, como parte da tarefa revolucionária nacional e internacional. Hoje todos aqueles que se reconhecem como anarquistas tem uma dupla tarefa: a construção da organização revolucionária (de tipo plataformista) e da organização de massas de tipo sindicalista revolucionária.