10 anos de resistências aos MegaEventos

Em 2014 o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, num contexto de realização de diversos megaeventos, a Rio +20 de 2012, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude Católica, ambos em 2013, e as Olimpíadas de 2016, mas o que ficou marcante naquele ano, antes mesmo da derrota de 7 X 1 para a Seleção Alemã, foi o movimento Não vai ter Copa que tomou as ruas e as redes sociais. 

Os megaeventos faziam parte do projeto neodesenvolvimentista dos governos petistas da época, sob a presidência de Dilma Rousseff, que incluíam as grandes obras, como Belo Monte, Jirau, Suape, Transposição do Rio São Francisco, Comperj, entre outras, pois foram acompanhados de obras de mobilidade urbana, equipamentos esportivos e demais equipamentos urbanos. Tudo fazendo parte das obras do PAC, Plano de Aceleração do Crescimento. 

Entretanto, longe de ter apoio popular os megaeventos e as grandes obras sofreram muita oposição popular, revoltas, manifestações e resistência insurgente. Em 2012 eclodiram as greves insurgentes nos canteiros das obras do PAC, onde os operários se insurgiram contra as péssimas condições de trabalho. No ano seguinte, em 2013 o país foi varrido pelo Levante Proletário de 2013. Portanto, as manifestações do movimento Não vai ter Copa eram parte de ciclo de revoltas, greves e insurreições contra o projeto neodesenvolvimentista dos governos petistas. 

Logo no inicio de 2014, durante o carnaval os Garis da cidade do Rio de Janeiro resolveram se autoorganizaram e fizeram uma greve passando por cima da direção sindical, cujo o Sindicato do Asseio é filiado a central mafiosa UGT. Esse processo de auto-organização dos garis levou a realização da Greve Negra de 2014, inspirada no Levante Proletário de 2013 e na greve das professoras e professores de outubro de 2013 que teve como ponto alto a utilização da tática Black Bloc para resistir a violência policial.  

Esse ciclo de revoltas está diretamente associado a luta das trabalhadoras e trabalhadores por melhores condições de vida e trabalho, num contexto onde o Estado e os Capitalistas apareciam sempre demonstrando os bilhões usados em investimento e na lucratividade de suas empresas.  

Ao mesmo tempo, o processo de realização desses grandes eventos e obras foram marcados por remoções de trabalhadores nas grandes cidades, camponeses e populações reibeirinhas, com grandes obras afetando diversos povos indígenas, como no Parque Nacional do Xingu com a construção de Belo Monte, projeta ditadura empresarial militar.  

A resistência acontecia por todo o Brasil e se norteava contra os impactos dessas megaobras, sem consultas reais aos povos, que beneficiavas os grandes grupos de empreiteiras, e ao mesmo tempo reivindicava melhoria das condições de vida, sobretudo saúde, educação e transporte.  

Ainda em julho, em Belo Horizonte, durante a Copa do Mundo no Brasil, a cidade foi abalada por uma tragédia: o desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes. Foram dois mortos, o motorista do carro, Charlys do Nascimento, de 24 anos, e a motorista do micro-ônibus, Hanna Cristina dos Santos, de 25, e os 23 feridos eram passageiros do ônibus.  

Às vésperas da final da Copa do Mundo o sistema policial e judiciário prenderam 23 militantes que lutavam nos movimentos sociais por melhorias de vida. Esse processo de perseguição política para atacar a luta popular no Rio de Janeiro ficou muito evidente. Infiltração e provas forjadas que ficaram provadas com a absolvição dos 23 indiciados. Infelizmente um camarada não pode comemorar sua liberdade terrena, Luiz Carlos Rendeiro Junior, Vulgo “Game Over”, em virtude dessa perseguição. 

Em 2014, tivemos a luta popular contra os megaeventos e projetos de cidades construída em favor das classes dominantes e dos grandes negócios. No Rio esse processo foi radicalizado pela Prefeitura de Eduardo Paes através do projeto de Cidade Negócio com grandes áreas públicas sendo direcionadas para investidores, empreiteiros e negociadores de todos os tipos. Esses protestos foram essenciais para demonstrar o caráter elitista e excludente em curso. Como dizia as ruas: tem dinheiro para copa, mas não tem para saúde e educação.  

Sobre União Popular Anarquista - UNIPA

A União Popular Anarquista (UNIPA) é uma organização política revolucionária bakuninista. A UNIPA luta pela construção do socialismo no Brasil. A estratégia revolucionária da Unipa aponta que somente a ação direta das massas e a luta de classes são capazes de realizar conquistas imediatas, econômicas e políticas, para a classe trabalhadora. A UNIPA entende que somente a revolução, que se coloca como desdobramento da luta de classes, é capaz de viabilizar a construção da sociedade socialista. A UNIPA foi formada em 2003, reunindo militantes do movimento estudantil, sindical e comunitário, alguns dos quais participavam do coletivo Laboratório de Estudos Libertários (LEL). O LEL publicou o Causa do Povo e a revista Ruptura que passaram a ser órgãos da UNIPA a partir de então. Entre em contato: unipa@protonmail.com
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