Solidariedade ao Corajoso Povo da Palestina.

A ofensiva anticolonial do Hammas contra o Estado de Israel desencadeou uma série de eventos no Oriente Médio, podendo se estender para o norte da África e Ásia central. Observamos uma série de posições, desde a sempre defesa dos EUA e da União Europeia ao Estado de Israel, algumas posições distintas em países Europeus, como Espanha e Irlanda, e críticas dos executivos da América Latina a ação do Hammas e a resposta de Israel. Diversos grupos políticos da esquerda brasileira também se posicionaram, todos críticos ao Estado de Israel, defendendo o povo palestino, mas com posições vacilantes quanto ao Hammas e sua tática. O fato é que com sua ação o Hammas levou para dentro do Estado colonial essas operações, atingindo cerca de 300 a 500 militares no total de mortos pelo grupo, e mudando o cenário da resistência palestina, da Autoridade Nacional Palestina (ANP), do Estado de Israel e dos acordos de normalização com países árabes, como na suspensão do acordo com Arábia Saudita. Foi uma das maiores ações da resistência palestina sofrida por Israel, o que colocou o governo de coalização de extrema direita de Benjamin Netanyahu numa posição enfraquecida e novamente a pauta de dois Estados volta a agenda política, que é contrária a posição de Israel e dos colonos que hoje são uma principal base de apoio político da atual coalização no governo.

Sionismo e Ocupação Territorial da Palestina: O Colonialismo de Israel

Como também fruto da onda de nacionalismos que atinge a Europa, ainda em 1897 acontece o I Congresso Sionista, em Basiléia, na Suíça. Lá se estabelece as bases deste movimento nacionalista judeu que define a importância da criação de um Estado judeu na Palestina. Desde então, judeus sionistas lutam por reconhecimento internacional. Nas palavras de Max Nordau, delegado sionista, “O sionismo busca estabelecer um lar para o povo judeu garantido pelo direito público”, alterado depois para “pelo direito internacional” por Theodor Herzl.

Este congresso encaminha a criação de um banco, um fundo para realizar a colonização da Palestina, o Jewish Colonial Trust, instrumento financeiro para a compra de terras na Palestina. Já na primeira década do Século XX e iniciam a ocupação territorial na Palestina, ainda timidamente.

Em 1917, o ministro das Relações Exteriores do Império Britânico, Arthur Balfour, escreveu uma carta endereçada a Lionel Walter Rothschild, líder da comunidade judaica do Reino Unido, que comprometia o governo britânico a “estabelecer na Palestina um lar nacional para o povo judeu”. Essa carta ficou conhecida como Declaração Balfour. A época 90% do território era ocupado por árabes palestinos.

O povo palestino passou a resistir contra a colonialismo britânica e a crescente ocupação de judeus sionistas. Em abril de 1936, o Comitê Nacional Árabe convocou os palestinos a lançar uma greve geral, reter pagamentos de impostos e boicotar produtos judaicos. A ação foi reprimida pelos britânicos, que começaram a fazer prisões em massa e a demolir as residências de famílias árabes como punição.

Em 1937, o movimento de resistência camponesa palestina respondeu à repressão britânica e atacou as forças militares que estavam no país. Nos anos posteriores a Imperialismo britânico continuou a atacar os palestinos com assassinatos, prisões e destruições das casas. Grupos paramilitares sionistas, financiados pelos ingleses, foram formados para atacar a resistência palestina. Com os fascismos, a perseguição nazista e o agudizamento do antisemitismo na Europa, este processo se acelera.

Um dia depois de a Assembleia Geral da ONU aprovar o “plano de partilha da Palestina” (Resolução 181), palestinos iniciam uma resposta armada a interferência colonial nas suas terras, a “guerra Palestino-Sionista” em 47, ainda com o invasor britânico tutelando a ocupação territorial e o conflito, enquanto se preparava sua retirada da Palestina. A vitória de Israel dá início a Al-Nakba, a catástrofe em árabe e ao êxodo da população palestina das suas terras. Em 1947, momento no qual a ONU estabelece a partilha da Palestina, os judeus que detinham 7% do território passam a possuir 56%. Quase 80% do povo palestino foi expropriado de suas casas e terra.

Israel proclama sua independência em 48, sendo reconhecida de imediato pelo novo imperialismo dos EUA e pela União Soviética, sob direção de Stalin. A declaração de independência de Israel em 48 dá início as “guerras árabe-israelense” de 48 a 49, desdobramento da Guerra Palestino-Sionista. Esta tem a vitória de Israel contra uma composição de países árabes, como Arábia Saudita, Iraque, Líbano, Jordânia, Síria e Egito que saem derrotadas e Israel ocupa 70% do território palestino.

Esta guerra contra a colonização demonstrou o alinhamento que perdura até hoje de Israel com os EUA, com o obvio interesse de ter um interlocutor fidelizado na região com maior concentração de petróleo, completamente leal a União Europeia e aos EUA. Demonstrou também as limitações do Stalinismo e da III internacional ao não se posicionar corretamente diante de uma clara situação de ocupação colonial.

A Guerra do Sinai em 1956 foi um conflito pelo controle do canal de Suez, serviu para o estreitamento de relações entre Israel, França e Reino Unido. Em 1956 o presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, retoma o canal de Suez, que é importantíssimo para o transporte de mercadorias entre o mar mediterrâneo e mar vermelho, rumo ao mar arábico e o oceano indico. Neste momento, o canal de Suez era dominado pela Inglaterra. A França também entra no conflito pois temia que a iniciativa do Egito se expandisse para as demais colônias na África. Ambos países usavam o canal para acessar suas colônias e para fins comerciais. A URSS ameaça entrar no conflito em favor do Egito e os EUA orientam Israel, França e Inglaterra a se retirarem do Egito. A interferência de Israel no conflito serviu também para reforçar a interlocução de Israel com os demais “impérios ocidentais capitalistas”.

Segue-se outros conflitos, como a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973), vencidas por Israel que levou este Estado a tomar as Colinas do Golã da Síria, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito, a Cisjordânia da Jordânia, e serviram para Israel ampliar seu território e se fortalecer como “alternativa” da hegemonia capitalista no Oriente Médio em contexto de Guerra Fria. Nesse contexto, que Israel avança seus territórios na Palestina e mantém assim a posição que a única solução seria os dois estados de acordo com as fronteiras de 1967.

Intifadas, Fatah, OLP, Hamas e a posição bakuninista sobre o Estatismo.

O FATAH, Movimento de Libertação Nacional da Palestina, foi fundado em 1959 por lideranças como Yasser Arafat como um partido nacionalista e laico que lutava pela libertação da palestina da ocupação colonial israelense. Se transformou na principal força política palestina. Ainda nos anos 60, surgiram grupos de orientação marxista leninista como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), maoísta, e o Partido do Povo da Palestina (PPP), além de agrupamentos pan-arabista, como a Frente de Liberação Arábe, baathista. Esse conjunto de grupamentos vão fazer parte da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), formada em 1964, que vai se colocar com uma organização representante do povo palestino lutando com táticas de guerrilhas para resistir a ocupação colonial israelense e retomar seus territórios ocupados.

Vai ser no desenrolar da primeira Intifada (Levante Popular) iniciada em 1987 que surgirá o Hammas, vinculado a Irmandade Mulçumana do Egito, em grande parte pela capitulação do Fatah ainda nos anos 80, quando este começa a aceitar a existência de Israel, defendendo a existência de dois Estados, Israel e Palestina, que culminou nos acordos de Oslo (1993). Bem, entendemos que essa posição de capitulação, aceitando perda de território, sem garantia de autonomia, levou diversos setores da sociedade palestina a questionar o Fatah e a OLP, passa a buscar-se alternativas para a lacuna, o vácuo político deixado por essas duas organizações, ainda que a FDPL, maoísta, e os baathistas tenham sido contrários aos acordos que organizou a Autoridade Nacional Palestina (ANP). Importante destacar que o próprio Hammas foi ajudado pelo governo Israelense como forma de enfraquecer a OLP e os grupos laicos, tanto os comunistas como os pan-arabistas, e principalmente o FATAH.           

Porém, diferente do que afirmam setores de esquerda, o Hammas não só não é revolucionário, nem mesmo é progressista. É um grupo fundamentalista religioso, sunita, que reivindica uma teocracia Islâmica, portanto sem liberdade religiosa. Assim, imaginando uma improvável  imediata vitória do Hammas e a derrota de Israel, este tenderia a aplicar seu programa fundamentalista islâmico, com supressão de liberdades individuais e com a construção de um Estado teocrático, tal qual acontece a monarquia Saud na Arábia Saudita. O Estado, seja laico ou teocrático, não é a solução.

FATAH e ANP: Controlados por Estados Unidos e União Europeia

Na prática os acordos de Oslo levaram a ampliação do território Israelense e a ampliação do controle de Israel e do apartheid. Além disso, fez com que a OLP e principalmente o FATAH fosse domesticado e passasse a colaborar com o Estado de Israel na Cisjordânia, que é parte controlada pela ANP e outras duas partes por Israel, sendo a cidade de Jenin o principal bastião da resistência na região, pois não tem controle da ANP.

Entre 2000 e 2005 ocorreu a Segunda Intifada iniciada depois da provocação de Ariel Sharon visitar o Monte do Templo em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel, um dos principais locais sagrados do Islã.

A situação de controle da ANP por Israel, UE e EUA ficou ainda mais escancarada quando o Hammas ganhou as eleições de 2006, o que fez com que UE, EUA e Rússia suspendesse as ajudas para ANP. Hammas e FATAH ainda fizeram um governo de coalizão com vistas a possibilitar entrada de próprio grupo islâmico na OLP, no entanto com pressão internacional de corte de recursos de ANP, o grupo de Mahmoud Abbas planejou um golpe que levou a conflito entre dois grupos, com expulsão do Hammas da Cisjordânia e levando com o que o Hammas, que havia aceitada a proposta de Dois Estados, expulsasse o Fatah de Gaza. Desde então, Israel transformou a Faixa de Gaza em um gueto e avança no território da Cisjordânia. Situação que perdura até hoje com seguidas ataques de Israel em Gaza e avanço das colônias na Cisjordânia

Israel e seu Apartheid na Conjuntura 2° Guerra Fria

Israel constantemente realiza incursões militares na Palestina para reforçar seu papel colonial. Está claro desde os acordos de Oslo que o governo Israelense tem como objetivo avançar sobre território palestinos ocupados de 1967. O avanço das colônias israelenses e a política de repressão contínua, seja em Gaza ou na Cisjordânia faz parte da tecnologia militar de ocupação implementada pelo Estado sionista que tornaram mesmo a proposta de dois Estados cada vez mais inviável, uma vez que cada vez mais há uma fragmentação do território palestino em cantões isolados. Essa perda contínua de território aumentou as tensões e contribuiu para atual resistência palestina lançada pelo Hammas.

Neste sentido, o conflito atual ganha novos contornos uma vez que o Estado israelense aumentou a intensidade das ações que vinham fazendo nos últimos 15 anos na região. Os bombardeios de Israel a mesquitas, escolas, igrejas, posto humanitários e ao hospital batista em Gaza demonstram que Netanyahu está empenhado em expulsar o povo palestino de suas terras através do terror contra civis. Atualmente, centenas de crianças estão presas e milhares de colonos ocupam regiões da Cisjordânia. Sem contar as condições de injustiça e de apartheid por que passam todos os dias os palestinos. Nos ataques de Gaza já são mais de 5000 assassinatos por Israel, dos quais mais de 1000 crianças.

A situação atual coloca a imprensa e nações ocidentais a cobrar de Israel um corredor humanitário para o Egito. Essa posição é cômoda para Israel pois força a população de Gaza para fugir rumo ao Egito, para o Sinai, expurgando os palestinos de Gaza de suas terras, permitindo que Israel ocupe Gaza e use esse território para ampliar as colônias de judeus neste território. E os palestinos exilados? Ficando no Sinai, a não-solução do Estado Palestino nem sequer existiria e o Hamas passaria a ser um problema egípcio.

Israel conta com apoio incondicional da União Europeia e dos Estados Unidos, que preferem atuar de maneira unipolar seguindo sua posição de grande potência. No entanto, suas posições cada vez mais entram em choque com o bloco de países do Sul Global e principalmente com a China, potência em ascensão, e Rússia.

Nesse contexto, os EUA procuram manter sua posição de principal potência com o discurso de defesa da Democracia e Direitos Humanos, com a Europa a reboque das suas posições, confrontando Pequim e Moscou. Nesse contexto, China e Rússia se aproximam e procuram aumentar seu poder de influência econômica e política, como por exemplo o acordo entre Irã e Arábia Saudita mediada pela China e o recente Fórum Cinturão e Rota, em Pequim, onde o governo chinês prometeu a criação de linhas de financiamento com valores superiores a US$ 100.

As disputas infra energéticas e por suas rotas se agudizam na medida que aumenta essas demandas dentro de um contexto de transição enérgica e estabelecimento das tecnologias 5g e de inteligência artificial, que dependem de mais energia funcionando 24 horas por dia.

As monarquias árabes, a república islâmica do Irã e a república da Turquia utilizam a causa palestina em benefícios de seus interesses próprios e não dos direitos dos palestinos. Pressionados internamente pelo povo tomaram posição, como tem acontecido com as manifestações no oriente médio e no magrebe. Enquanto a União Europeia dá carta branca para Israel massacrar o povo palestino, os emirados árabes estão vendendo gás para a Inglaterra, prejudicada pelo boicote europeu ao gás russo. Todas essas monarquias do golfo pérsico contam com bases militares norte-americanas, que cercam a região, e que são os principais fiadores das atrocidades de Israel.

A Posição Anarquista: Apoiar a Resistência e Construir o Autogoverno dos Povos e o Socialismo.

Revolucionários anarquistas palestinos

Como anarquistas revolucionários, reconhecemos a importância das lutas de libertação nacional, com a que o Hammas se propõe, ao combater o Estado colonial nas suas terras. No entanto seu programa avançado para exatamente aí. Combatemos o estatismo e o fundamentalismo religioso. O anarquismo parte do princípio da liberdade coletiva, e não da tutela do Estado, seja ele colonial, liberal ou fundamentalista religioso sobre o povo. Defendemos a liberdade religiosa, novamente, partindo do princípio da liberdade, onde as pessoas podem ter o direito de professar a fé que melhor lhes caiba, com respeito coletivo as demais formas de expressar a fé.

Ressaltamos que nossa crítica ao Hammas não parte de uma leitura moral, tampouco de critica a luta armada e suas baixas civis. Entendemos, assim como Bakunin, Makhno, Durruti, a FAU histórica e tantas e tantos outros militantes e organizações anarquistas que as lutas revolucionárias ou de libertação nacional passam necessariamente por uma etapa de luta armada contra a elite e/ou colonizador, no caso, Israel. Assim, é legitimo que as/os palestinos lutem com todas as suas forças e por todos os meios necessários para expulsar o colonizador sionista de suas terras! Classificar grupos ou pessoas de terroristas pelas forças estatais tem como única intenção dificultar e impedir a resistência popular e armada a política colonialista. No passado foram as anarquistas, seus grupos e militantes, atacados e perseguidos como terroristas.

Grupos anarquistas da região já se posicionaram. A União Anarquista do Irã e Afeganistão lançou sua nota combatendo o Estado de Israel e o fundamentalismo religioso do Hammas. Outros grupos anarquistas de palestinos, como “Fauda Movement in Palestine” (Movimento Fauda na Palestina) tomaram parte nos conflitos, juntos a seu povo, realizando ações armadas contra alvos coloniais em Israel, e se colocando autônomo em relação ao Hammas e a ANP, denunciando a autoridade palestina e seus acordos de segurança com Israel que prendem, perseguem e entregam militantes e ativistas as forças de defesa da ocupação.

Assim, é preciso que revolucionárias e revolucionários de todo o mundo se posicionem e tomem parte no conflito de acordo com as suas capacidades, seja denunciando o genocídio praticado por Netanyahu e sua oposição, seja tomando parte ativa no conflito, financiando ou agindo diretamente, sem ilusões com o Hammas e demais grupos fundamentalistas, ANP e sem fetiche belicoso com quem pega em armas. É preciso construir o programa de autogoverno federalismo e o sistema econômico de apoio mútuo ao mesmo tempo que se resiste ao colonialismo israelense, e sua política genocida.

 Nossa tarefa de revolucionárias/os é analisar os movimentos geopolíticos e seus interesses através da luta de classes e que a classe trabalhadora mundial tem uma grande força adormecida e que pode acordar através da solidariedade de classe e do internacionalismo classista contra o genocídio e apartheid promovido por Israel.

As demonstrações de solidariedade feitas por trabalhadoras/es do mundo podem e devem se expandir. São formas de demonstração de que não aceitaremos mais um massacre colonial contra os corajosos povos originários, os palestinos.

A tendência é o escalamento do conflito. Os EUA já entraram no conflito colateralmente, abrindo assim duas frentes, a Ucrânia/expansão da OTAN, e Israel. Conjuntamente com União Europeia estão abrindo uma possível nova fase da chamada guerra ao terror.  A realidade é que a pauta sobre a criação do Estado palestino, que não é solução para a questão e estava adormecida, volta a ganhar força nos organismos multilaterais, ainda que possa voltar a deixar de ser discutido no curto período.

Aos anarquistas cabem apoio a resistência palestina e contribuir para que o programa internacionalista, federalista anti-estatal e econômico de apoio mútuo seja construído pelo resistente povo palestino.

Viva a Resistência Palestina!!

Abaixo o Genocídio do Estado de Israel

Sobre União Popular Anarquista - UNIPA

A União Popular Anarquista (UNIPA) é uma organização política revolucionária bakuninista. A UNIPA luta pela construção do socialismo no Brasil. A estratégia revolucionária da Unipa aponta que somente a ação direta das massas e a luta de classes são capazes de realizar conquistas imediatas, econômicas e políticas, para a classe trabalhadora. A UNIPA entende que somente a revolução, que se coloca como desdobramento da luta de classes, é capaz de viabilizar a construção da sociedade socialista. A UNIPA foi formada em 2003, reunindo militantes do movimento estudantil, sindical e comunitário, alguns dos quais participavam do coletivo Laboratório de Estudos Libertários (LEL). O LEL publicou o Causa do Povo e a revista Ruptura que passaram a ser órgãos da UNIPA a partir de então. Entre em contato: unipa@protonmail.com
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