Elmano/PT executa despejo da ocupação Nestor Makhno

Em 06/12 a população rural da Ocupação Nestor Makhno (homenagem ao revolucionário anarquista ucraniano) foi desalojada pela policia militar do governo Elmano/PT. Elmano foi advogado do MST e tem no seu corpo de secretários, indígenas, dirigentes de sindicatos rurais e movimentos de sem terras. Nada disso impediu omissão do Estado na regularização fundiária na terra em disputa.

Massapê é uma cidade que fica a 248km de Fortaleza e onde se localizava a ocupação Nestor Makhno. Lá, desde 15 de abril de 2023, as famílias ocupantes, articuladas pela Organização Popular Terra Liberta – FOB criavam animais e produziam alimentos para sustento próprio, buscando dignidade. No entanto, em 15 de junho a ocupação recebe a ordem de despejo. Desde então acelera-se a busca por um acordo para a compra da terra pelo IDACE e em setembro, inicia-se a articulação para a compra de uma terra próxima ao local da Ocupação para as famílias da Nestor Makhno.

O Estado operou como sempre fez, deixou apenas seu braço da violência contra os povos. O desalojo aconteceu com a tropa de choque matando animais e destruindo o roçado e levando outros animais criados a fugirem. A população perdeu a terra, a casa e os bichos.

A terra da ocupação estava abandonada a mais de 30 anos, e o suposto proprietário não conseguiu provar a propriedade da terra no processo. Ainda assim o juiz Gilvan Brito Alves Filho deu a reintegração de posse unilateralmente, fazendo com que 100 hectares de terra voltem a ficar trancafiados, sem produção de alimentos, enquanto o povo de Massapê passa necessidades.

Organização da ocupação

Desde novembro de 2022 a Organização Popular Terra Liberta-FOB realiza trabalho de base nas comunidades de Massapê, buscando elevar a consciência de classe para superar a situação de miséria e dependência da politica eleitoral que paralisa o povo. Fruto desse trabalho é a ocupação Nestor Makhno que semeava uma nova vida onde antes havia apenas a servidão e a ganancia do capital.

Assim, a vida comum se faz com a construção de espaços comuns. A cozinha comunitária trabalha a alimentação dos ocupantes com os frutos dos seus cultivos. Onde antes havia o “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, se cultivou o princípio zapatista do “mandar obedecendo”. Portanto, luta-se não só por um pedaço de terra, mas por novas relações do povo com a terra.

Nestor Makhno e o legado da Makhnovchina

A ocupação honra o revolucionário Nestor Makhno. Nascido em 1888, na cidade de Huilaipolé onde hoje se encontra a Ucrânia, naquela época dominada pelo império Russo. O mais novo de uma família de cinco filhos, começou a trabalhar aos sete anos como pastor de gado. Na sua juventude enfrentou o império russo em defesa da população rural, o que o levou a prisão até os 28 anos, quando é libertado durante a revolução russa. Makhno então retorna a sua pátria e promove uma organização de massas de trabalhadores do campo e da cidade, conquistando terras para os camponeses e garantindo o controle operário das indústrias, combatendo a contrarrevolução.

Durante a guerra civil russa, comanda o exercito negro da Ucrânia, que defendeu a autonomia do povo ucraniano frente ao exército branco (defensor do antigo regime) e o exercito vermelho (bolchevique). Seu exercito garantiu o controle de parte de seu país e demonstrou que um povo organizado pode transformar sua realidade sem dobrar-se a nada.

Essa herança chega ao sertão do Ceará e deve tornar-se semente para as novas lutas que serão travadas!

Acordos para o desalojo.

Logo após o desalojo da ocupação, a prefeita Aline Albuquerque sai do PP e no dia 11/12 se filia ao PT na sede do partido em Fortaleza. Só expõe a existência de acordos entre os partidos burgueses e os latifundiários, e como tais acordos só prejudicam o povo pobre ao qual os partidos de esquerda dizem representar.

Solidariedade ao povo que luta por terra!

Terra para quem nela vive!

Nestor Makhno Vive e Vencerá!

Sobre União Popular Anarquista - UNIPA

A União Popular Anarquista (UNIPA) é uma organização política revolucionária bakuninista. A UNIPA luta pela construção do socialismo no Brasil. A estratégia revolucionária da Unipa aponta que somente a ação direta das massas e a luta de classes são capazes de realizar conquistas imediatas, econômicas e políticas, para a classe trabalhadora. A UNIPA entende que somente a revolução, que se coloca como desdobramento da luta de classes, é capaz de viabilizar a construção da sociedade socialista. A UNIPA foi formada em 2003, reunindo militantes do movimento estudantil, sindical e comunitário, alguns dos quais participavam do coletivo Laboratório de Estudos Libertários (LEL). O LEL publicou o Causa do Povo e a revista Ruptura que passaram a ser órgãos da UNIPA a partir de então. Entre em contato: unipa@protonmail.com
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